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DESIGN DAYS DESDOBRA PENSAMENTOS PARA O AGORA

Após três dias de muita conversa, listamos os assuntos que merecem ser aprofundados, refletidos e processados na prática diária, individual e coletiva. O evento ocorreu de 22 a 24 de setembro, em formato híbrido, no Casahall Design District

Por Casa Hall | 29/09/2021

Os movimentos da vida foram afetados pelos últimos acontecimentos plurais, globais e locais. Se 2020 foi o ano que passamos a olhar para a casa e ambientes em geral com sentimento de pertencimento e como forma de entender a subjetividade dos dias, também exigiu repensar a relação entre espaço habitado e habitante, a reordenar as áreas e funcionalidades como prioridades. Até ponderar a possibilidade de erguer as antigas paredes – abaixo em projetos de integração de outrora – em busca de privacidade. Deixar o sol entrar, o vento refrescar e o verde dominar. 

Vira 2021 e, com o ano, alguns hábitos emergentes no período pandêmico solidificaram comportamentos irreversíveis. A indústria está atenta já com resposta para algumas demandas, os criativos traduzem em mobiliário para acomodar o corpo. Arquitetas/os, designers sentem o impacto nos projetos que assinam. Deste universo tão amplo experienciado e mexido nos recentes 18 meses corridos, a única semana catarinense de design, a Design Days promovida pelo Casahall Design District, passou a limpo o impacto do design na vida em suas muitas escalas – casa, escritório, cidades. 

O evento em formato híbrido – presencial e transmitido ao vivo pelos canais do Casahall – ocorreu de 22 a 24 de setembro, em Balneário Camboriú, em três noites que envolveram convidados do mercado nacional. Aqui, alguns dos apontamentos captados durante as conversas e que vale a pena refletir.

Para pensar e praticar

A Neuroarquitetura deve ganhar o mercado, especialmente para melhorar a qualidade de vida das pessoas em suas casas, nos ambientes de trabalho e lazer. No painel de abertura com o tema “Neuroarquitetura – A relação com o espaço e bem-estar”, na quarta-feira (22), a arquiteta especialista no assunto Adrielly Barron explicou o impacto que o ambiente traz para a saúde, para a produtividade e sensação de prazer. A leitura e estímulo que o cérebro recebe e como podemos criar um lugar benéfico e saudável a partir da presença da natureza, da escolha das cores, texturas. 

Acrescentou à conversa – com mediação da jornalista Simone Bobsin do Portal ArqSC – a experiência artística da cenógrafa botânica Gabriela Nora, uma das fundadoras da Galeria Botânica em São Paulo. Formada em artes do corpo, Gabi partiu do zero no reduto que hoje atrai a visita de apaixonados por flores e que sentem falta de um verde em meio ao concreto paulistano. A empresária contou sobre a relação que estabelece com os clientes e visitantes, como se apropria da criação de arranjos, cenários e instalações para elevar o trabalho floral no país. E o que faz as pessoas voltarem diversas vezes ao endereço. “Estou vendendo, antes de tudo, uma experiência relacional, um ambiente que trata o corpo de forma mais leve, em meio às flores”, defende como território de criação. 

Do comportamento que influencia o processo criativo e desdobra-se em tipologias diversas. Esta foi a abordagem do designer de produto Murilo Weitz que trocou com o arquiteto, designer e gerente de branding da Portobello Edu Scoz, e que teve mediação da jornalista Lu de Moraes, na noite de quinta-feira (23), na nova franquia Breton. A loja é comandada pelos irmãos e empresários Bruna e Ricardo Fernandes, no Casahall. 

O designer Murilo Weitz contou sobre o início da carreira, quando expôs suas primeiras criações na CASACOR/SP. Na mostra conheceu Waldick Jatoba, curador de arte e design, diretor dos Institutos Campana e Bardi e criador da MADE (Mercado Arte e Design), onde Murilo levou seus produtos para a segunda aparição. De lá, estabeleceu contato com a indústria, entre elas a própria Breton, marca que assina uma linha de mobiliário exclusiva. Do outro lado da ponta, Edu Scoz mostrou o porquê da sustentabilidade ser um assunto tão urgente para debater atualmente. Scoz abriu o comprometimento da Portobello, que além de práticas com menor impacto ao planeta, abrange o entorno, a comunidade e a ética nas relações de trabalho. É uma cadeia complexa que impacta o todo e depende de cada um. Transparência é um movimento sem volta, assim como pensar a longevidade humana na Terra. A lógica antropocena deve ser questionada nesta ordem.

E fechando o último dia de Design Days, na noite de sexta-feira (24), os arquitetos Osvaldo Segundo da OSA Arquitetos Associados, a arquiteta Vanessa Larré e o francês radicado no Brasil Greg Bousquet da Triptyque exibiram projetos verticais do portfólio que formam a paisagem urbana de algumas cidades do Brasil. Os três escritórios estão com projetos atualmente em Balneário Camboriú que se diferenciam pelo sistema construtivo, tecnologia empregada, resgate da identidade de memória da região e a interação com a natureza e a própria cidade. A conversa foi longa e importante para esclarecer o fundamental papel das/os arquitetas/os no desenho urbano, na qualidade de vida e como propagadores e transformadores dos contextos e pensamentos. As mudanças devem influenciar, especialmente, os próximos 10 anos. 

Todas as conversas podem ser assistidas no canal do YouTube do Casahall Design District.

Conversa: Neuroarquitetura: A relação com o espaço e o bem-estar

Conversa: Design para a vida: Pesquisa, comportamento e processo criativo

Conversa: O viver na vertical: Identidade urbana